Transportadoras aumentam fretes em 15% após reajuste do diesel praticado pela Petrobras, sob reflexo da guerra da Rússia contra a Ucrânia. O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (SETCESP) ressalta que o combustível chega a superar os 50% na planilha de custos do setor. Adriano Depentor cobra urgência na mudança no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos Estados para uma solução de curto prazo na cadeia logística. “É o que a gente espera mesmo, uma unificação da base de ICMS que traga uma redução de preço na bomba. De concreto é isso. Não tem outra outra maneira. A gente sabe que o petróleo está instável no mundo, o petróleo chegou a bater US$ 99 o barril, hoje já está US$ 122. Então, quer dizer, uma coerência, uma unificação da base de ICMS”, diz.
Os caminhoneiros autônomos sentem ainda mais os efeitos da escalada dos combustíveis. Desde o ano passado, a pressão aumenta contra o governo com ameaça de uma nova paralisação geral do setor. O presidente Setcesp lembra que nas viagens, muitas vezes, o frete acertado já recebe o impacto de um novo aumento durante o percurso, mexendo nos custos do transportador, e a grande diferença preços praticados em cada Estado. “Tem abastecimento aí que chega a dar R$ 700 de diferença no abastecimento de um caminhão, R$ 800, R$ 1.000. Então, essa briga interestadual, através das diferentes alíquotas de ICMS, é uma coisa que tem que acabar. Isso aí não pode mais estar prejudicando a cadeia produtiva, estar prejudicando o país. Precisa um acordo, precisa urgentemente que isso seja feito pelo poder legislativo”, afirma Depentor.
O impacto para transportadoras tem reflexo imediato para o consumidor final. E a situação persiste desde 2021, com um aumento de mais de 50% dos combustíveis. Então o consumidor tem recebido isso há muito tempo. Agora, em razão do conflito no Leste Europeu, mais aumento. Não por acaso, o IPCA 15, que é prévia da inflação para março é o maior valor desde 2015. O especialista em gestão de frotas da Valecard Lucas Rafael da Silva reforça que o planejamento é fundamental num cenário de instabilidade e preços mais altos nos combustíveis. “Otimizar ao máximo a frota dele. Utilizar o mínimo possível. Então assim, uma empresa por exemplo de telecomunicações que utiliza os veículos deles para prestar serviço de instalações, manutenções, ele tem que tentar otimizar o máximo possível a operação dele para distribuir as atividade dentro de uma mesma rota, onde um mesmo técnico consiga fazer operações. Lá no segmento de transporte, um um gestor programar a viagem do caminhoneiro, onde ele vai levar e buscar a carga dele, se ele tiver mais de um ponto, tentar criar uma rota mais curta numa rodovia com melhores condições, porque tudo isso influencia no custo do combustível”, diz.
*Com informações do repórter Marcelo Mattos